O QUE SOMOS SEM PASSADO?

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HINO DE ITAPETIM-PE

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A CRISTIANIZAÇÃO - 1950

Aos 23 (vinte e três) de abril de 1950 (mil novecentos e cinqüenta). foi realizada a 7ª Sessão do Partido Social Democrático, na Vila de Itapetim.
Durante esta Sessão foi tratado um assunto de carater secreto, por isto deixou de ser registrado em ata.

O Diretório deste Partido voltou a se reunir em 28 de maio do mesmo ano. Estava lançada, naquele momento, a candidatura de Cristiano Machado para Presidente da República.

Cristianização

"Termo utilizado a partir de 1951 para designar a traição de um partido político a seu candidato a cargo eletivo. A origem está ligada ao nome de Cristiano Monteiro Machado, candidato à presidência da República em 1950 pelo Partido Social Democrático (PSD). Embora Cristiano Machado tenha sido indicado como candidato oficial do PSD em 17 de maio de 1950 e confirmado na convenção nacional de 9 de junho do mesmo ano, seu partido na realidade apoiou a candidatura de Getúlio Vargas.

"As razões da atitude do PSD estariam ligadas à dissidência que se abriu dentro do partido em torno da escolha de um candidato à presidência da República."


No cenário nacional, com a candidatura de Cristiano, segundo registros da FGV:
"Em 15 de maio de 1950, foi lançado candidato à presidência da República pelo PSD nas eleições que se realizariam em outubro. Dois dias depois, o conselho nacional do partido ratificou oficialmente essa decisão, que entretanto ainda dependia de confirmação na convenção nacional.A ala getulista do PSD do Rio Grande do Sul (favorável à indicação de Nereu Ramos) recusou-se a aceitar a candidatura de Cristiano Machado.
Ainda em maio, membros do Partido Social Progressista (PSP), de Ademar de Barros, comunicaram que não apoiariam Cristiano, já que a candidatura de Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), apoiada por Ademar, seria lançada em 17 de junho. Embora o PSD ficasse dividido, o nome de Cristiano Machado foi aclamado no dia 9 de junho, na convenção nacional do partido. Em julho, a maioria do Partido Republicano (PR) manifestou-se favorável ao candidato oficial do PSD, indicando o seu afiliado Altino Arantes para a vice-presidência. Cristiano fez ainda uma aliança com Hugo Borghi, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, a chapa Cristiano Machado-Altino Arantes (PSD-PR) concorreu com as de Eduardo Gomes-Odilon Braga (União Democrática Nacional) e Getúlio Vargas- João Café Filho (PTB-PSP), entre as mais importantes. Vargas saiu amplamente vitorioso, contando, inclusive, com votos de vários redutos do PSD. A transferência dos votos de Cristiano para Vargas caracterizou um processo de esvaziamento eleitoral que ficou conhecido no jargão político como "cristianização". A chapa udenista ficou em segundo lugar.
Em 1953, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Santa Sé. Tendo assumido o cargo em outubro, faleceu pouco depois, em Roma, no dia 26 de dezembro de 1953.
Foi casado com Celina Magalhães Gomes. Viúvo, casou-se pela segunda vez com Hilda von Sperling.
Seu arquivo pessoal encontra-se depositado no Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas."
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
Ata da 8ª Sessão do Diretório do Partido Social Democrático - PSD

"Aos 28 (vinte e oito) dias do mês de maio de 1950, reuniu-se o Diretório do Partido Social Democrático da Vila de Itapetim, sob a presidência do Sr. Miguel Al ves da Costa.

O Sr. Presidente achando grande o número de diretorianos; mandou que o secretário fizesse a leitura da ata da última sessão realizada a 23 do mês de abril de 1950, a qual foi aprovada unanimemente.
Dando início aos trabalhos o Sr. Presidente congratulou-se com a comissão que fôra encarregada de tratar do assunto que deu origem a sessão secreta.

Levou ao conhecimento dos presentes que os créditos votados pelo Estado sobre o auxílio à Igreja e Escolas  Paroquiais já tinham sido autorizados na base de CR$31.500,00 e CR$ 700,00, respectivamente para a Igreja e Escolas.
Consigna em ata o agradecimento do Diretório por esse fato de reverência do Sr. Governador e Srs Deputados.

Usando da palavra, o Sr. Presidente declarou que nada tinha de novidade a respeito da política, sobre esta questão de candidatos pessedistas; haja vista a balbúrdia que ainda reina dentro do partido; como sejam:
  • desligações de alas pessedistas, mas que espera do Sr. Delegado do Parido, Agamenon Magalhães, que se acha no Recife, qualquer novidade com a sua vinda;
  • que o candidato à Presidência da República, pelo nosso partido, é um grande parlamentar; O Sr. Cristiano Machado;
O Sr. Raimundo Batista apresentou um projeto de enviar um telegrama ao Sr. Delegado Geral do Partido Social Democrático, que é o Sr. Agamenon Magalhães, congratulando-se com sua vinda, o que foi enviado essa mensagem ficando cópia no nosso arquivo.
Quanto a comissão que foi designada para falar com o Delegado do Partido, o Sr. Walfredo Siqueira,  sobre as questão dos móveis, o Sr. José Nunes de Maria, fez ciente ao Sr. Presidente do Diretório que já tinha entrado em entendimento com o mesmo sobre a vinda dos utensílios da Escola D. José Lopes.

Em seguida o Sr. Presidente falou sobre esta questão do aumento do imposto sobre o valor predial, executado pelo Sr. Prefeito Municipal, Sr. Inácio Mariano Valadares, que tinha havido um excesso exorbitante e queria estudar o caso com simpatia.

Em seguida o Sr. Presidente declarou franqueada a palavra e, como niguém quisesse dela fazer uso, deu por encerrado os trabalhos de que para constar lavrei a seguinte ata que depois de lida e achada conforme vai assinada por mim e pelo Presidente deste Diretório.

Miguel Alves da Costa (Presidente)
Jaimede Farias Leite (1º Secretário)


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Esta foi a última ata do Diretório do Partido Social Democrático - PSD, transcrita por mim, estando Itapetim ainda na sua condição de Vila pertencente ao Município de São José do Egito. Se outras existem, entre 1950 e 1954, não estão sob a minha guarda. São 4 anos passados dos quais nada vou relatar, pois neste espaço de tempo eu contava apenas com cinco anos de idade, portanto não me arvoro a escrever sem a respectiva documentação.

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Com o compromisso de jamais faltar com a verdade, pretendo relatar, neste espaço, os momentos políticos do meu saudoso pai. Em respeito a ele e a história da minha terra, manter-me-ei fiel a esse compromisso.
Obrigada, amigo, pela sua atenção.