Aos 23 (vinte e três) de abril de 1950 (mil novecentos e cinqüenta). foi realizada a 7ª Sessão do Partido Social Democrático, na Vila de Itapetim.
Durante esta Sessão foi tratado um assunto de carater secreto, por isto deixou de ser registrado em ata.O Diretório deste Partido voltou a se reunir em 28 de maio do mesmo ano. Estava lançada, naquele momento, a candidatura de Cristiano Machado para Presidente da República.
Cristianização
"Termo utilizado a partir de 1951 para designar a traição de um partido político a seu candidato a cargo eletivo. A origem está ligada ao nome de Cristiano Monteiro Machado, candidato à presidência da República em 1950 pelo Partido Social Democrático (PSD). Embora Cristiano Machado tenha sido indicado como candidato oficial do PSD em 17 de maio de 1950 e confirmado na convenção nacional de 9 de junho do mesmo ano, seu partido na realidade apoiou a candidatura de Getúlio Vargas.
"As razões da atitude do PSD estariam ligadas à dissidência que se abriu dentro do partido em torno da escolha de um candidato à presidência da República."
No cenário nacional, com a candidatura de Cristiano, segundo registros da FGV:
"Em 15 de maio de 1950, foi lançado candidato à presidência da República pelo PSD nas eleições que se realizariam em outubro. Dois dias depois, o conselho nacional do partido ratificou oficialmente essa decisão, que entretanto ainda dependia de confirmação na convenção nacional.A ala getulista do PSD do Rio Grande do Sul (favorável à indicação de Nereu Ramos) recusou-se a aceitar a candidatura de Cristiano Machado.
Ainda em maio, membros do Partido Social Progressista (PSP), de Ademar de Barros, comunicaram que não apoiariam Cristiano, já que a candidatura de Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), apoiada por Ademar, seria lançada em 17 de junho. Embora o PSD ficasse dividido, o nome de Cristiano Machado foi aclamado no dia 9 de junho, na convenção nacional do partido. Em julho, a maioria do Partido Republicano (PR) manifestou-se favorável ao candidato oficial do PSD, indicando o seu afiliado Altino Arantes para a vice-presidência. Cristiano fez ainda uma aliança com Hugo Borghi, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, a chapa Cristiano Machado-Altino Arantes (PSD-PR) concorreu com as de Eduardo Gomes-Odilon Braga (União Democrática Nacional) e Getúlio Vargas- João Café Filho (PTB-PSP), entre as mais importantes. Vargas saiu amplamente vitorioso, contando, inclusive, com votos de vários redutos do PSD. A transferência dos votos de Cristiano para Vargas caracterizou um processo de esvaziamento eleitoral que ficou conhecido no jargão político como "cristianização". A chapa udenista ficou em segundo lugar.
Em 1953, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Santa Sé. Tendo assumido o cargo em outubro, faleceu pouco depois, em Roma, no dia 26 de dezembro de 1953.
Foi casado com Celina Magalhães Gomes. Viúvo, casou-se pela segunda vez com Hilda von Sperling.
Seu arquivo pessoal encontra-se depositado no Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas."
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
Ata da 8ª Sessão do Diretório do Partido Social Democrático - PSD
"Aos 28 (vinte e oito) dias do mês de maio de 1950, reuniu-se o Diretório do Partido Social Democrático da Vila de Itapetim, sob a presidência do Sr. Miguel Al ves da Costa.
O Sr. Presidente achando grande o número de diretorianos; mandou que o secretário fizesse a leitura da ata da última sessão realizada a 23 do mês de abril de 1950, a qual foi aprovada unanimemente.
Dando início aos trabalhos o Sr. Presidente congratulou-se com a comissão que fôra encarregada de tratar do assunto que deu origem a sessão secreta.
Levou ao conhecimento dos presentes que os créditos votados pelo Estado sobre o auxílio à Igreja e Escolas Paroquiais já tinham sido autorizados na base de CR$31.500,00 e CR$ 700,00, respectivamente para a Igreja e Escolas.
Consigna em ata o agradecimento do Diretório por esse fato de reverência do Sr. Governador e Srs Deputados.
Usando da palavra, o Sr. Presidente declarou que nada tinha de novidade a respeito da política, sobre esta questão de candidatos pessedistas; haja vista a balbúrdia que ainda reina dentro do partido; como sejam:
- desligações de alas pessedistas, mas que espera do Sr. Delegado do Parido, Agamenon Magalhães, que se acha no Recife, qualquer novidade com a sua vinda;
- que o candidato à Presidência da República, pelo nosso partido, é um grande parlamentar; O Sr. Cristiano Machado;
O Sr. Raimundo Batista apresentou um projeto de enviar um telegrama ao Sr. Delegado Geral do Partido Social Democrático, que é o Sr. Agamenon Magalhães, congratulando-se com sua vinda, o que foi enviado essa mensagem ficando cópia no nosso arquivo.
Quanto a comissão que foi designada para falar com o Delegado do Partido, o Sr. Walfredo Siqueira, sobre as questão dos móveis, o Sr. José Nunes de Maria, fez ciente ao Sr. Presidente do Diretório que já tinha entrado em entendimento com o mesmo sobre a vinda dos utensílios da Escola D. José Lopes.
Em seguida o Sr. Presidente falou sobre esta questão do aumento do imposto sobre o valor predial, executado pelo Sr. Prefeito Municipal, Sr. Inácio Mariano Valadares, que tinha havido um excesso exorbitante e queria estudar o caso com simpatia.
Em seguida o Sr. Presidente declarou franqueada a palavra e, como niguém quisesse dela fazer uso, deu por encerrado os trabalhos de que para constar lavrei a seguinte ata que depois de lida e achada conforme vai assinada por mim e pelo Presidente deste Diretório.
Miguel Alves da Costa (Presidente)
Jaimede Farias Leite (1º Secretário)
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Esta foi a última ata do Diretório do Partido Social Democrático - PSD, transcrita por mim, estando Itapetim ainda na sua condição de Vila pertencente ao Município de São José do Egito. Se outras existem, entre 1950 e 1954, não estão sob a minha guarda. São 4 anos passados dos quais nada vou relatar, pois neste espaço de tempo eu contava apenas com cinco anos de idade, portanto não me arvoro a escrever sem a respectiva documentação.
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Meus prezados conterrâneos:
Com o compromisso de jamais faltar com a verdade, pretendo relatar, neste espaço, os momentos políticos do meu saudoso pai. Em respeito a ele e a história da minha terra, manter-me-ei fiel a esse compromisso.
Obrigada, amigo, pela sua atenção.