O QUE SOMOS SEM PASSADO?

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HINO DE ITAPETIM-PE

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O BRASIL - NACIONAL - DESENVOLVIMENTISTA - 1947-1951



À luz das fontes documentais consultadas, julgo oportuno observar a contextualização história, nacional e estadual, em que se constituiu o Diretòrio do PSD na nossa cidade de Itapetim. Somos uma república federativa, portanto de nenhum modo poderíamos adotar comportamentos adversos aos instituídos nas leis brasileiras. Naquele ano de 1949 estávamos vivendo novas perspectivas históricas, a Carta Magna havia sido reformulada pela Constituinte de 1946, agora apontava novos rumos para o nosso país:


  • visava dar fim aos instrumentos repressivos criados no Estado Novo;
  • delimitava o raio de ação de cada um dos poderes;
  • estabelecia o mandato presidencial em 5 anos, mas mantinha a proibição da reeleição;
  • na esfera municipal e estadual o princípio federalista foi prestigiado com a devolução da sua autonomia política;
  • O Governo teria que pedir autorização ao Congresso Nacional para que qualquer tipo de medida fosse aprovado;
  • presrvação do princípio cooperativista dos órgãos sindicais;
  • ampliação do voto feminino, antes restrito às mulheres com cargo público remunerado;
  • apesar de manter o pluripartidarismo, cassou o PCDB.
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Sobre o PSD

O Partido Social Democrático (PSD) foi um partido político brasileiro, fundado em 17 de julho de 1945 e extinto pela ditadura militar, através do Ato Institucional Número Dois (AI-2), em 27 de outubro de 1965. Foi formado sob os auspícios de Getúlio Vargas, reunindo antigos interventores do governo federal nos estados, como Benedito Valadares em Minas Gerais, Fernando de Souza Costa de São Paulo, Almirante Ernani do Amaral Peixoto do Rio de Janeiro e Agamenon Magalhães de Pernambuco. Seu código eleitoral era o 41.
Entre 1945 e 1964, junto com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formava o bloco pró-getulista da política brasileira, em oposição à União Democrática Nacional (UDN), antigetulista. Durante sua existência, foi o partido majoritário na Câmara dos Deputados, tendo eleito dois presidentes da República: Eurico Gaspar Dutra, em 1945, e Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1955.

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O General Eurico Gaspar Dutra - 1945

A posse do general Eurico Gaspar Dutra, depois de nove anos de ditadura instaurada por Getúlio Vargas, foi marcada por festas em todo o país. O general venceu o pleito realizado em 2 de dezembro de 1945, com 3.351.507 votos, superando Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional, e Iedo Fiúza, do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Dutra elegeu-se pela coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com o apoio de Getúlio, de quem fora Ministro da Guerra, no Estado Novo.

No início do seu mandato foi promulgada uma nova Constituição, que assegurou o mandato presidencial de cinco anos, eleições diretas, e a manutenção dos direitos trabalhistas conquistados no governo de Getúlio Vargas.

Na política externa alinhou-se com os norte-americanos na Guerra Fria, conflito ideológico polarizado pelos Estados Unidos, que lideravam os países do bloco capitalista, e pela União Soviética, que comandava o bloco socialista. Dutra rompeu relações com a União Soviética, cassou o registro do PCB e os mandatos dos representantes eleitos pela sigla. O presidente interveio em mais de 100 sindicatos, com o argumento de que estes eram ligados ao movimento comunista.

O general abriu as portas da economia brasileira aos produtos norte-americanos, promoveu a desvalorização da moeda para conter o crescimento excessivo das importações, e congelou o salário-mínimo. Seu ato mais polêmico foi a proibição dos jogos de azar no país.
Durante o seu mandato foi inaugurada a TV Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil. Entre 24 de junho e 16 de julho de 1950, o Brasil foi sede da Copa do Mundo de Futebol. Na partida final da disputa pelo título a equipe do Uruguai derrotou os brasileiros dentro do recém-inaugurado Estádio do Maracanã.

Dutra deixou a presidência em 1951 e, três anos depois, participou da conspiração que levou o presidente Vargas ao suicídio. Em 1964, apoiou o golpe militar que depôs o presidente João Goulart.

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Governador de Pernambuco -  Barbosa Lima Sobrinho - 1948

Jornalista, advogado, escritor e político, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho nasceu no Recife, a 22 de janeiro de 1897. Filho do tabelião Francisco da Cunha Lima e da dona de casa Joana de Jesus Lima, ainda criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde iniciou o curso primário.

De volta ao Recife, estudou no Colégio Salesiano e no Instituto Ginasial de Pernambuco, concluindo o segundo grau em 1911.

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917 e tinha a pretensão de obter, através de concurso, uma cátedra na Faculdade de Direito do Recife e virar professor. Mas o concurso foi cancelado para beneficiar um apadrinhado político e ele seguiu mesmo foi a carreira de jornalista.

Publicou o seu primeiro artigo aos 18 anos, no Diario de Pernambuco. Em 1921 mudou-se para o Rio de Janeiro e em 1924 ingressou no Jornal do Brasil, do qual tornou-se redator-chefe e onde ocupou, por mais de meio século, o cargo de redator de assuntos políticos e para o qual nunca deixou de escrever.

Em 1926, publica seu primeiro livro e é eleito presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entidade que ainda comandaria em outras duas ocasiões (1929 e 1980). Ao todo, presidiu a ABI durante 22 anos.

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1937, no final da década de 1990 figurava no livro Guinness of Records como o mais antigo jornalista do mundo em atividade. Autor de mais de 70 livros, Barbosa Lima Sobrinho também teve uma movimentada vida político-partidária.

Em 1934 foi deputado federal constituinte por Pernambuco. Em 1937 apoiou o Estado Novo e no ano seguinte foi nomeado diretor no Recife do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), onde fez amizade com Miguel Arraes e onde permaneceu até a queda de Getúlio Vargas.

A 02/12/1945 é eleito, pelo Partido Social Democrático (PSD), deputado para a Assembléia Nacional Constituinte de 1946. Em seguida, a 19/01/1947, também pelo PSD, disputa e vence as eleições para o governo de Pernambuco, derrotando o candidato da UDN, Neto Campelo Jr, que tinha apoio do presidente da República.

Como governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho teve o mandato encurtado em um ano. Isto porque os partidários do derrotado Neto Campelo Jr tentaram impugnar o resultado da eleição através de várias ações judiciais e ele só tomou posse a 14/02/1948, exatamente um ano depois da data prevista.

Concluiu seu mandato a 31/01/1951. Candidato derrotado ao Senado em 1962 (os eleitos foram José Ermírio de Moraes e F. Pessoa de Queiroz), também participou ativamente da campanha pelas Diretas Já (1983/84).

Antes, em 1973, fora o "anti-candidato" a vice-presidente da República na chapa de Ulysses Guimarães (MDB) que tinha como único objetivo "denunciar a farsa das eleições indiretas". Nacionalista ferrenho, Barbosa Lima Sobrinho foi, ainda, o escolhido para assinar, em nome dos brasileiros, o pedido de impeachment do então presidente da República, Fernando Collor de Melo, em 1992.

Com seus mais de cem anos, é com certeza o cidadão que mais participou de episódios importantes da vida política do seu País. Por exemplo: assistiu a passagem de 19 presidentes brasileiros e viveu um espaço de tempo que corresponde a mais de vinte por cento de toda a História do Brasil.

Como escritor, foi presidente da Academia Brasileira de Letras (1953-54) e escreveu sobre praticamente tudo: ensaios biográficos, direito, economia, jornalismo, história, política e outros temas. Casado, três filhos, mais antigo sócio do Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro (apesar de torcer pelo Fluminense), sempre foi um adepto dos esportes.

Na adolescência, foi remador, jogador do Náutico do Recife e fundador do clube de futebol Corinthians Olindense.

Quando completou 102 anos, em 1999, mantinha a rotina diária de pedalar 400 vezes uma bicicleta ergométrica instalada no seu apartamento. E afirmava em entrevista à revista Bundas: "Até os sessenta anos jogava pelada com os meus filhos no quintal de casa, até que levei um tombo numa bola dividida e resolvi pendurar as chuteiras. Mas todos os dias ainda dou minhas pedaladas. O tal ócio com dignidade é prejudicial à saúde".

Sempre bem-humorado, coerente, Barbosa Lima Sobrinho nunca abriu mão de suas idéias, mesmo em momentos em que elas parecessem totalmente "fora de moda", tornando-se assim respeitado por representantes das mais variadas correntes do pensamento.

Constitucionalista, condenou o movimento militar que depôs o presidente João Goulart. Democrata, lutou pelo fim das medidas arbitrárias instituídas a partir de 1964, como a censura à imprensa e as eleições indiretas.

Nacionalista, defendeu a criação da Eletrobrás, opôs-se aos contratos de risco para exploração do petróleo e condenou a venda de grandes empresas estatais brasileiras no auge das privatizações. Dizia, citando o caso do Japão, que "o capital se faz em casa".

Entre os principais livros que publicou estão: "A verdade sobre a revolução de outubro" (1933), "A Revolução Praieira" (1949), "A nacionalidade da pessoa jurídica" (1963), "A auto-determinação e a não-intervenção" (1963), "Presença de Alberto Torres" (1968), "Japão: o capital se faz em casa" (1973), "Antologia do Correio Braziliense" (1979), "Desde quando somos nacionalistas" (1995) e "Hipólito da Costa: pioneiro da independência do Brasil" (1996).

Quanto ao trabalho para a imprensa, no início de 1999 Barbosa Lima Sobrinho já havia publicado cerca de quatro mil artigos em vários jornais brasileiros, desde o Diario de Pernambuco, Jornal do Recife e Jornal do Brasil. 
Morreu no Rio de Janeiro, a 16 de julho de 2000, aos 103 anos de idade.


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Folclore Político

Sobre o Governador Barbosa Lima, está escrito no Livro de Sbastião Nery - Folclore Político - uma passagem interessante relativa ao dia da sua vitória para o cargo de governador de Pernambuco:

" Barbosa Lima Sobrinho pelo PSD e Neto Campelo Júnior, pela UDN, tinham disputado o governo de Pernambuco logo deois da ditadura Vargas, 1946.
Barbosa Lima, candidato de Agamenon Magamlães, e Neto ampelo, primeiro ministro da Agricultura de Dutra, candidato da oposição.
Na apuração, quase o empate. Urna a urna, Pernambuco diputava, pelas rádios, pelos alto-falantes, voto a voto. Ganhou Barbosa Lima. Mas houve muitas urnas impugnadas e as decisões passaram para o Tribunal Eleitoral.
Continuou o impasse. Nas esquinas, nos bares, nas casas, o povo ao pé do rádio e dos alto-falantes para saber da chegada final. Nequinho Azevedo, figura popular do Recife, estava num botequim torcendo por Barbosa Lima, Era a última decisão sobre a última urna, onde Barbosa Lima havia vencido bem.
Anulada, estaria derrotado.
Ninguém piava, o locutor fez suspense:
- Atenção Senhoras e Senhores, última urna! O Tribunal aprovou a urna pelo voto de Minerva! Confirmada a eleição de Barbosa Lima!
Começou a festa. Nequinho Azevedo, cheio de cachaça comemora. Alguém perguntou lá do fundo:
- O que é voto de Minerva?
Niguém respondeu. Nequinho pôs o copo no balcão:
- Um voto maior do que os outros.
- De que tamanho?
- Vale uns 300.
Valia mais, valia uma eleição!

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Meus prezados conterrâneos:

Com o compromisso de jamais faltar com a verdade, pretendo relatar, neste espaço, os momentos políticos do meu saudoso pai. Em respeito a ele e a história da minha terra, manter-me-ei fiel a esse compromisso.
Obrigada, amigo, pela sua atenção.